sexta-feira, 26 de junho de 2009

Novas formas e conteúdos na TV

Encerrando a IX Secomunica a palestra "Velhos modelos no formato digital e novos no analógico" trouxe nesta sexta o jornalista da TV Câmera Cláudio Ferreira, os autores da série "É Nóis" Alex Vidigal e Fábio Macumba, todos sob a coordenação da professora Liliane Machado.

O evento teve início com a explanação da dissertação de mestrado "A dinâmica dos novos formatos na televisão brasileira" do jornalista Cláudio Ferreira que contou como é a pesquisa. Consiste em analisar reality shows. Os programas escolhidos foram o Big Brother Brasil e O Aprendiz. O que chamou a atenção para produzir este trabalho foi descobrir o que atraia as pessoas para esse gênero televisivo.
Os reality shows acabaram se tornando um fenômeno na televisão brasileira. É incrível como ele conquistou tanta gente. A edição que foi usada para análise foi os programas de 2008 (alguns episódios selecionados) de ambos os programas. O formato foi um dos itens explorados, pois há uma semelhança com outros gêneros televisivos. A novela é um exemplo, pois acaba definindo papéis para os participantes: temos o vilão, o mocinho, a donzela, a malvada. Como também no outro programa, existe o empresário honesto, mas sem iniciativa, o com iniciativa, mas um pouco desonesto e por aí vai. Dentro desse gênero temos pequenos diálogos que acabam se tornando pequenas novelinhas dentro do programa. Um gancho dramático também é notado, principalmente com as frases e palavras de efeito. No programa O Aprendiz há um flasback (recurso de novelas) em preto e branco para mostrar o passsado. O programa de auditório também é outro estilo usado, o que acontece na eliminação do Big Brother Brasil.
Esse formato de reality show é um produto globalizado que é produzido por vários países e o país que compra o formato tem que seguir as regras estabelecidas pelo país criador e tem uma pequena margem de liberdade para adaptar o programa aos costumes locais. Daí há a preferência para abordar assuntos já conhecidos pelo público, como música, carnaval, cinema, futebol, pois com temas mais conhecidos as pessoas ficam presas ao programa.
É interessante pensar como as pessoas não têm mais tanta vergonha de ter sua vida exposta na frente de tantas câmeras (caso do BBB) e é impressionante a quantidade de pessoas que se inscrevem, todas em função de terem suas vidas vigiadas por um país inteiro. Pessoas anônimas tornam-se celebridades, ganham espaço na TV, mesmo que às vezes seja uma fama passageira.
Acabamos vendo que há uma mistura de ficção e realidade. Pois no reality show embora pareça de começo um jogo ele é real, pois as pessoas estão vivendo de verdade ali dentro. Outro aspecto é a mistura de informações nesse ambiente que é composto de entretenimento, publicidade (merchandise que acaba sendo natural) e todos esses itens se misturam.
Dentro desse ambiente há a exacerbação da beleza e do corpo perfeito, pois a maioria dos participantes tem entre 20 e 30 anos. No caso do outro exemplo de reality show há o foco do sucesso profissional para poder trabalhar em uma grande empresa. O programa apesar do nome busca pessoas prontas que já saibam trabalhar em equipe.
O gênero de reality show tem uma longa vida e o investimento nele é buscado principalmente pelo seu retorno comercial. O uso de várias mídias ajuda na divulgação, pois usa a TV, a internet, o celular. A participação do público também junto com a interatividade é outro ponto de se investir. Além da ligação com o público jovem, pois esta parcela da população que está mais próxima das novas tecnologias.
Criando e produzindo
A apresentação dos produtores Alex Vidigal e Fábio Macumba mostrou como hoje temos muito mais chances e oportunidades para se produzir um vídeo. Tudo começa com uma idéia e até mesmo sozinho você pode produzir um filme ou documentário. Por causa do trocadilho do tema da palestra é interessante falar sobre como usamos os recursos do meio digital, mas ainda com as bases no analógico.
A produção "É Nóis" é trash (nas palavras de Alex). Começou com uma idéia simples e hoje já é uma série de 12 episódios que tem como principal foco o entretenimento. Embora seja uma produção mais tranquila em termos de uso de recursos cinematógráficos existe a preocupação com a linguagem e com o aspecto estético. Segundo os produtores devemos não nos preocupar somente em seguir tudo dos meios tecnológicos, mas sim em adaptar o conteúdo do seu produto ou idéia as novas tecnologias.